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William Menkes, xilogravura, 2011 |
O QUE FICA
A exposição de gravuras “A impressão
que fica”, na Galeria Wega Nery, do Centro Cultural Octavio Guizzo, é uma
dessas ocasiões em que, pensando em apenas rever técnicas milenares, somos
surpreendidos pela diversidade e singularidade de seu emprego. São gravuras em
metal, em madeira e em linóleo realizadas por alunos do Curso de Artes Visuais
da UFMS, orientados pelo artista e professor Rafael Maldonado. Se a
participação individual assusta num primeiro momento (afinal, como dar uma
unidade com tanta gente diferente), é por conta dela mesma que podemos
percorrer com o olhar cada gravura buscando os detalhes dessa diferença.
O que primeiro pode chamar a
atenção é o uso contemporâneo das técnicas que a maioria dos alunos-gravadores
consegue exercitar. Assim também, não apenas nos motivos gravados, mas
principalmente no recorte por eles escolhidos, há um investimento no olhar
fragmentado, numa tentativa de abrir espaço por entre a imensa quantidade de
imagens de que somos “vítimas” no dia-a-dia. Nesta série de trabalhos, onde não
faltam ironias e humor, uma estação de trem tem tanto valor quanto um “fusca”.
Isto permite que o observador vá se surpreendendo com o que está representado
tanto quanto com o modo como foi representado. Técnica e temática consistentes
permitem que se retire da gravura o seu melhor resultado. No conjunto, uma
sedutora poética se instaura, qual seja, a busca do domínio de uma linguagem que
articula de modo eficaz planos, formas e texturas para falar daquilo que nos
pertence, no nosso tempo. Se a primeira impressão é a que fica, neste caso, não
é pouco.
Maria Adélia Menegazzo
09.05.2012