Fotografia de Mercedes de Barros
De
Mercedes para Manoel
A exposição De Mercedes para Manoel é uma coletânea de fotografias
pessoais do poeta, podemos dizer que também é uma coletânea de memórias.
Mercedes Barros quis mostrar uma outra visão acerca do tio, ela quis mostrar o
que estava por detrás do poeta, o ser humano Manoel de Barros.
As fotos são de negativos guardados pela
família e algumas são colagens poéticas feitas pela fotógrafa, como por
exemplo, uma fotografia ilustrando o personagem Bernardo do poema “VI” com
abelhas e caramujos e uma frase “Abelhas novembras murmuram meu olho” fazendo
analogia às obras do poeta.
As fotos, que, em sua maioria, são
em preto e branco foram dispostas sobre a parede de forma que formassem uma
borboleta, simbolizando a mudança da visão do expectador sobre Manoel de
Barros.
Há somente duas fotos emolduradas (“Pai
Sinjão e mãe Alice” e a foto de seu casamento) e o nome das fotografias foram
escritas à lápis direto nas paredes. Foi uma mostra que eu gostei muito, pois a
fotógrafa conseguiu seu objetivo de fazer uma ressignificação no expectador.
Como uma
fotografia
O fotógrafo Roberto Müller apresenta suas obras de maneira um pouco
diferente do comum. Ele combina e relaciona suas fotografias com objetos do
cotidiano como, por exemplo, caixas de cigarro.
Em “O Ministério da Saúde não
Adverte” há uma relação entre a fotografia e as causas de se fumar
excessivamente que estão na parte de trás das embalagens de cigarro, algo que o
Ministério da Saúde deixa de advertir quando é a causa de outro mal, como o
hambúrguer, um alimento vendido em fast foods que geralmente contém
substâncias duvidosas nos ingrediêntes para, por exemplo, conservá-los.Tinha
como moldura a embalagem escrita “produto tóxico”.
Em “Por Favor não perturbe”,
Roberto usa fotografias de pessoas dormindo ou ocupadas penduradas à uma
maçaneta como um aviso de que não querem ser interrompidas.
Em algumas das obras apresentadas,
há jogos de palavras, como, por exemplo, em “Vendo não veem” onde há
textos em quadros brancos que estão desfocados e somente as palavras
relacionadas e sinônimas à ver ou visão estão nítidas. Ao lado de
todos os quadros do conjunto da obra, há outro quadro branco com escrituras em
braile, mostrando um outro jeito de se olhar.
Uma das obras que mais me chamaram a
atenção foi a “Jogos Cruzados”, pois é uma sequência de fotos que
retratam uma partida de vôlei que estão dispostos como peças de dominó que
foram colocadas uma a uma no chão e que depois de derrubada uma peça, as outras
caem, assim como uma foto sequência.
“Fator de Corte” foi outra
obra pela qual me interessei muito. São objetos como fósforos, um par de tênis,
peças de dominó e outros ojetos do nosso convívio que foram retratadas ali e
que nos mostram a relação fotografia-objeto de um jeito mais escancarado
possível, invertendo os elementos, tornando o objeto em uma fotografia e
interagindo com a moldura um tanto quanto inconvencional pela sua profundidade,
mas que nos faz lembrar da moldura comumente usada em fotografias.
Desarrumando
o Tempo
É uma exposição composta por trabalhos de diversas séries feitas desde
os anos 80 e que, por isso, há um desconcerto no tempo entre o ato de
fotografar e a visualização da fotografia. No caso da maioria das obras, se
passaram anos desde o momento em que foram fotografadas até o dia em que foram
expostas. É daí que sai o nome da mostra.
Mercedes Barros faz sobreposições de
fotos e colagens, fazendo assim com que cada obra narre uma história. Algumas
obras tem o objetivo de sobrepor o punctum, isto é, aquilo que nos
choca, do studium, aquilo que nos faz criar um afeto imediato. Um
exemplo claro disso está na obra Pink Cowboy de 2010 em que há um
cowboy, que no senso comum é um ser másculo, pintado de rosa, a cor símbolo do
homossexualismo. O elemento que nos faz chocar é a combinação do ser másculo
com a cor do homossexual, nos faz repensar sobre aquele indivíduo. Outra obra
que também exemplifica isso é a Pitu de 2000, onde retrata uma moça
vestida de branco, um garoto com trajes típicas da região pantaneira sobrepondo
a fotografia de um matadouro. A figura das carnes suspendidas e do sangue
abaixo delas é o elemento do punctum por neutralizar a ideia de pureza nas
figuras da mulher de branco e do garoto com a ideia de morte, talvez de
“sujeira”.
A obra que eu mais me interessei foi
a obra “It could happen to you” que é um coletivo de fotografias que me remete
à memórias de alguma indivíduo e textos espalhados como um diário.
Mi Amas
Vin
Uma mostra que tem como tema a religiosidade no nosso país, as obras
foram fotografadas em diversas cidades do norte, nordeste do Brasil e no
Distrito Federal. Retrata, em sua maioria, devotos à várias religiões como a
católica, ubanda e o culto do Santo Daime. O fotográfo quis mostrar a variedade
religiosa do brasileiro, seus devotos e seus cultos.
Marcelo Buainain tenta, através do
registro de cada momento, expressar, compreender e vivenciar a existência e
manifestações do Divino, uma vez que a religião, cientificamente falando, seria
somente um aglomerado de ideias, uma explicação atribuída à algo muito maior e
mais grandioso do que o ser humano sobre coisas e fenômenos em micro e macro
esfera que não podemos explicar. O artista quis experimentar cada uma dessas
ideias diversificadas, quis sentir esse tal algo maior e mais grandioso e ver o
poder que exerce nas pessoas que partilham dessas ideias.
Todas as fotos foram tirada em preto
e branco para dar uma ar talvez mais sério e mais artístico dessa experiência.
Boa parte das fotografias retratam os fiéis em momentos importantes para cada
religião como , por exemplo, rituais.
Foi a exposição que eu menos me
interessei por causa do tema, mas mesmo assim tive admiração. Marcelo fez um
ótimo trabalho de relatar a diversidade religiosa no nosso país, mostrando cada
momento importante para cada religião, é preciso registrar isso, pois faz parte
da nossa cultura.
Bruna Motta do Prado da Silva é acadêmica do curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O texto foi apresentado como trabalho da disciplina Fundamentos da Linguagem Visual, ministrada pelo professor Rafael Maldonado.
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